Serge Bouzinac et João Carlos de Moraes Sá

Serge Bouzinac 1 e João Carlos de Moraes Sá 2
1
Pesquisador CIRAD, Montpellier – França; 2 Prof. Sênior UEPG, Bolsista de Produtividade em Pesquisa Nível 1D
– CNPq, Presidente da Comissão Técnico-Científica da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação
“ Lucien Séguy foi um verdadeiro difusor do sistema plantio direto no Brasil e mundo afora.
Seus trabalhos e conhecimentos foram fundamentais para a consolidação desse sistema na
região tropical. A Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha reconhece essa imensa
contribuição e expressa o sentimento de profundo agradecimento ”
“in memoriam”… A jornada de um visionário
Lucien Séguy nasceu em 1944 numa família de pequenos produtores
da cidade de Saint Yrieix La Perche, localizada no Centro da França,
que é orgulhosa de suas raízes e seu povo. Ele foi o único filho dos 4
irmãos que entrou na Universidade e se diplomou Engenheiro
Agrônomo pela Escola Nacional Superior de Agronomia de Toulouse
(ENSAT) em 1965, graças a bolsa de estudo. A seguir fez especialização
em pedologia no ORSTOM de Bondy. Casou-se com Jacqueline que o
acompanhou durante toda sua longa carreira na região tropical. Em
1967 foi para o Senegal, pelo IRAT na famosa estação experimental de
Bambey, mas preferiu trabalhar no campo, no vilarejo de Sefa, onde
fez um mapa pedológico da região e encarou seu primeiro grande
desafio que foi aprimorar o manejo do solo em tração animal para a orizicultura da Casamance. Nesse
período ele publica um artigo sobre o perfil cultural com a cultura do arroz dando ênfase a distribuição
do sistema radicular como componente chave na estruturação do solo.
Os desafios
Em 1969, é enviado pelo IRAT para o oeste da República dos Camarões em Dschang para elaborar e
acompanhar vários projetos orizícolas de sequeiro nas planícies dos M’Bos e de N’Dop com a a
extensão. Desenvolveu estudos em sistemas de produção e melhoramento genético do arroz de
sequeiro e irrigado. Supervisionou projetos sobre as interações entre génotipo e meio ambiente,
destacando a influência da fertilidade dos solos nas epidemias de brusone na cultura do arroz (Figura
1).
Figura 1. Parcerias construídas durante a sua trajetória no Brasil.Seus trabalhos despertaram interesse no Brasil, e no final de 1977, o IRAT enviou Lucien para a EMAPA
(Empresa de Pesquisa do Maranhão) no Maranhão, sendo o primeiro expert do IRAT permanente no
Brasil. Durante os anos de 1977 e 1982, Lucien, com o auxílio de Serge Bouzinac, (eles trabalharam
juntos até os últimos dias de Lucien) implantaram estudos sobre sistemas de cultivo de arroz para
pequenos produtores.
Lucien seguiu apoiando a difusão dos melhores sistemas de cultivo em consórcios envolvendo arroz +
milho + mandioca, seguido de caupi no final da estação chuvosa. Foi ajustando e aperfeiçoando as
variedades de arroz de sequeiro e irrigadas para os trópicos. Os resultados dessas atividades
despertaram o interesse da EMBRAPA-CNPAF (Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão, Goiânia-
GO). Tanto Lucien Séguy quanto Serge Bouzinac foram convidados para desenvolver trabalhos na
região dos Cerrado, 0 dando assim o início de um profícuo convênio entre o CIRAD (Centre de
Coopération Internationale em Recherche Agronomique pour le Développement) e a EMBRAPA-
CNPAF. Inúmeros resultados foram gerados pelo convênio possibilitando o o suporte para avanço nos
conhecimentos na adoção do plantio direto na região dos Cerrados.
Entre 1983 e 1989 Séguy e Bouzinac concentraram os trabalhos na região dos Cerrados, principalmente
no estado do Mato Grosso, Goiás e parte de Tocantins, um ambiente totalmente diferente para eles.
Naquela época, grande extensão dessa região estava sendo convertida para uma agricultura
mecanizada. Inicialmente, foi introduzida a cultura do arroz de sequeiro e, com o passer do tempo,
esta foi substituída pela cultura da soja em monocultivo com o uso intensivo do preparo do solo através
de gradagens sucessivas, resultando em expressiva erosão e formação do chamado pé de grade,
gerando problemas sérios de compactação
Foto 1. A paixão de Lucien era o campo onde se sentia livre para compartilhar o que sabia.
Em 1984, em visita a CCLPL (Cooperativa Central de Laticínios do Paraná – Produtos Batavo, Carambeí-
PR) localizada na região dos Campos Gerais, encontrou-se com o Engenheiro Agrônomo Hans Peeten,
Josué Nelson Pavei e outros do departamento técnico das cooperativas para conhecer o sistema que
estava sendo implantado nesta região. Conheceu os agricultores Nonô Perereira e Franke Dijkstra,pioneiros do plantio direto desta região. Retornou ao centro-oeste com muitas idéias a serem
adaptadas para a região tropical.
Em 1985, vendo o processo de degradação do solo pela erosão avançando e a fertilidade do solo
limitada (elevada acidez, baixa quantidade de cálcio e magnésio e carência de fósforo e
micronutrientes) iniciaram um trabalho com o apoio do produtor Sr. Munefumi Matsubara, da Fazenda
Progresso. Para ele, o Sr. Matsubara foi o produtor e mentor que acreditou e abriu as portas para a
introdução do sistema plantio direto rompendo paradigmas e contribuindo definitivamente para a
expansão do SPD nos Cerrados.
Foto 2. Foto na Fazenda Progresso em Lucas do Rio Verde-MT em 1994. A esquerda o Sr. Munefume
Matsubara, ao centro Lucien Séguy, a direita dois pesquisadores de Madagascar e ao fundo o Dr.
Fernando Penteado Cardoso. Foto retirada do Informações Agronômicas n° 69, Março de 1995,
publicado pela Potafós.
Desenharam as alternativas para o Plantio Direto na região tropical introduzindo espécies que
adicionavam elevadas quantidades de biomassa e raízes. Daí surgiu a grande contribuição do Séguy e
Bouzinac. Eles compararam os tratamentos com preparo do solo profundo ou superficial com os
sistemas em plantio direto durante 5 anos de estudos.
Os resultados mostraram que os tratamentos em plantio direto foram superiores aos sistemas
convencionais com preparo de solo,tanto em produtividade como em lucratividade e além disso,
aumentaram o conteúdo de matéria orgânica do solo (MOS) em 20%, enquanto a monocultura de soja
associada ao preparo (aração e gradagem) resultou na queda drástica da MOS. Assim, o sistema Plantio
Direto foi introduzindo as safrinhas em sucessão de culturas e foram ocupando gradativamente
milhões de ha até o ano de 2000, graças a uma intensa difusão dos resultados através das fundações,
cooperativas e associações de produtores.
A consolidação de parcerias e difusão do plantio direto como um sistema
A partir de 1989 até 2002, com o apoio da Rhône Poulenc, os convênios de pesquisa foram estendidos
para empresas e cooperativas agrícolas do Centro Oeste e do Norte do Brasil, tais como a CooperLucas,
Varig Agropecuária, Sul América Agropecuária, Grupo Maeda, AgroNorte, Prefeituras de Sinop – MT e
de Caxias – MA e Emgopa. Foi um marco no avanço do SPD na região porque os trabalhos visaram
adaptar as alternativas que o plantio direto proporciona para diferentes situações climáticas nessasregiões. A ação pioneira do grupo Maeda na introdução do Plantio Direto no algodoeiro foi marcante.
Junto com os parceiros, Lucien Séguy melhorou os conceitos do Plantio Direto sobre Coberturas
Vegetais Permanentes (SCV) assimilando essas camadas de resíduos vegetais, tais como a liteira da
floresta, criando o conceito da “bomba biológica” (Fig. 2).
Figura 2. O esquema sobre o funcionamento das coberturas verdes e cultivos comerciais desenhado
por L. Séguy em 1998. Foto de L. Séguy sobre o sistema radicular de Eleusine coracana, uma das
espécies sugeridas para compor o sistema de produção.
Essa visão foi calcada na maior eficiência das coberturas na recuperação dos nutrientes deslocados
para as camadas mais profundas. Além disso, ele criou novas alternativas sobre coberturas vivas, ainda
mais econômicas (por exemplo soja sobre gramado de Tifton ou milho sobre Arachis pintoï). Com a
AgroNorte, Lucien voltou para uma de suas primeiras paixões: o melhoramento do arroz de sequeiro
com o êxito de uma variedade, o CIRAD 141, que cobrirá durante mais de 5 anos milhares de ha no
Mato Grosso.
Foto 3. Visita a Fazenda Progresso com o Sr. Munefumi Matsubara e Serge Bouzinac (alto a direita) e
com o grupo Maeda (Centro e direita inferior).
A partir de 2002 e até 2012, novas frentes foram abertas e permitiram conduzir esses trabalhos no
Brasil com a Universidade de São Paulo através do Centro de Energia Nuclear na Agricultura com o
Prof. Dr. Carlos Clemente Cerri e outros e na sequência em 2005, com a Universidade Estadual de
Ponta Grossa (UEPG), além das parcerias com a prefeitura de Sinop, com o grupo Maeda. Abriu novas
frentes com o IMA- MT, Instituto Mato-grossense do Algodão para aprimorar os sistemas de Plantio
Direto algodoeiro e desenvolver os mesclas de plantas visando ativar a vida biológica e melhorar afertilidade do solo. Em conjunto com a UEPG através do Prof. Dr. João Carlos de Moraes Sá (Juca Sá)
foram organizados cursos anuais de formação de pesquisadores, professores e engenheiros
agrônomos ligados ao CIRAD, com participantes de mais de 13 países sobre o sistema Plantio Direto.
Foram seis edições anuais treinando mais de 90 pessoas, proporcionando aos parceiros do CIRAD com
recursos da AFD (Agencia Francesa de Desenvolvimento) a interação com nossas equipes nos Campos
Gerais do Paraná. Em 2010 foi outorgado pelo Conselho Universitário da UEPG a Medalha de Honra ao
Mérito como o título de “Doutor Honoris Causa” da UEPG.
Foto 4. No dia 18-11-2010, o então Reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Prof. Dr. João
Carlos Gomes fez a entrega da Medalha de Mérito Universitário e o diploma ao Dr. Lucien Séguy.
Enfim, paralelamente a todos esses trabalhos no Brasil, Lucien Séguy realizava a cada ano desde 1984,
e foram centenas de missões de apoio e orientação em numerosos países tropicais da África, da Ásia
e de Madagascar, visando difundir e adaptar pelo mundo tropical todas essas novas tecnologias
elaboradas no Brasil com diversas espécies de plantas entre os diferentes continentes. Costumava-se
dizer que ele tinha mais horas de vôo que o mais antigo piloto de Boeing.
Em 2009, aposentou-se formalmente do CIRAD, porém, com a energia e entusiasmo que lhe eram
peculiar, abriu novas frentes de trabalho apoiando na França um grupo de agricultores pioneiros no
SCV, convictos por seus trabalhos tropicais e na sequência conquista o Canadá entrando por Québec,
após o convite do agrônomo Louis Pérusse, que pediu ajuda para desenvolver o Sistema Plantio Direto
lá naquelas terras frias do Canadá. Debaixo de uma cobertura de neve ele reabilita os trigos de inverno,
sobressemeados a lanço na soja 3 semanas antes da colheita, ganhando assim um mês para o
crescimento do trigo antes do inverno e antecipando a colheita deste trigo de inverno em um mês para
abrir a possibilidade de implantar as mesclas de plantas. Essas misturas com várias plantas promove
enorme atividade biológica ao solo e recarregamento em Matéria Orgânica e múltiplas funções
ecossistêmicas.
Não satisfeito e incansável, procura os eixos de pesquisa no Sul do Brasil, nos Estados de Santa Catarina
e do Rio Grande do Sul com jovens agrônomos brasileiros que difundem esses sistemas a base de
plantas de cobertura multifuncional em dezenas de milhares de ha.
Lucien Séguy teve uma carreira extremamente rica, passando da pedologia para a agronomia e em
seguida ao manejo ecológico do solo. Desenvolveu trabalhos em mais de 30 países e nas diversas
condições pedoclimáticas das regiões equatoriais e tropicais, mediterrâneas e temperadas. Ele
formou, aconselhou e orientou inúmeros agrônomos do CIRAD e parceiros no mundo, sempre com
sua generosidade e amizade, deixando agora saudades em muitos corações. Um de seus preceitos
mais marcante era, na medida do possível, trabalhar em “HARMONIA COM A NATUREZA”, o que faz
toda a diferença nos sistemas conservacionistas de manejo do solo, água e atmosfera. Lucien Séguydeixa um legado e uma reflexão aos mais jovens: não há conquistas sem riscos e estes fazem parte das
ações que tomamos. É preferível errar tentando acertar do que se omitir.
Dedicamos esse “in memoriam” a Jacqueline, sua esposa e grande companheira, e seus filhos Sandrine
e Yannick que o acompanharam durante os últimos meses vida.
Mensagens de amigos e daqueles que tiveram experiências com Lucien
As primeiras experiências
Foto 5. Lucien Séguy, Serge Bouzinac e José Carlos Soares (Zecão) na Faz. Capuaba em Lucas do Rio
Verde-MT
Na década de 80 acompanhei os trabalhos de pesquisa na Fazenda Progresso do Sr. Munefume
Matsubara (Lucas do Rio Verde-MT) realizados pelo do Dr. Lucien Séguy e Serge Bouzinac. Lembro do
seu entusiasmo nas trincheiras mostrando a grande atividade microbiana nos solos tropicais, a
importância da diversidade de plantas e dos sistemas radiculares profundos para ciclagem de
nutrientes (“bomba biológica”). Naquele período também fizemos as primeiras experiências com
plantio direto no MT, na minha propriedade, a Fazenda Capuaba. Sabíamos da necessidade em
desenvolver um sistema de produção agrícola baseado nas características de solo e ajustado para o
clima tropica, com diversidade de plantas e proteção constante do solo. Para minha surpresa em 2017,
30 anos após as experiências iniciais, tive a enorme satisfação em receber a visita do L. Séguy e S.
Bouzinac onde constataram os resultados de longo prazo dos seus ensinamentos. Com certeza o
pesquisador L. Séguy deixou um grande legado para o sucesso da agricultura nos trópicos, merece
todas as nossas homenagens.
José Carlos Soares, Lucas do Rio Verde-MT
Suas raízes permanecerão
Agradecemos profundamente ao nosso mentor Lucien Séguy pela amizade, dedicação e
ensinamentos que nos inspiraram ao longo da nossa caminhada em busca do desenvolvimento de
uma agricultura mais produtiva e sustentável. Em nosso solo, suas raízes permanecerão.
Homenagem da RAÍX SEMENTES. »
Inesquecível, oportuno, prático e efetivo treinamento em agricultura conservacionista com L. Séguy
no Curso Internacional em Ponta Grossa.Dr. Manuel Reyes Resarch Professor, Kansas State University.
Os discípulos do Lucien…
Expressamos nossa imensa gratidão de sermos formados pelo Lucien Seguy e ser seus amigos.
Aprendemos que esse desafio pela agricultura conservacionista e sustentável calcada no plantio
direto é uma missão. Hoje estamos mundo afora trabalhando, pesquisando, divulgando,
compartilhando os ensinamentos, e consolidando o sistema plantio direto de alta qualidade que
aprendemos com ele. Estamos procurando evoluir e adaptar o plantio direto na diversidade das
condições dos países que atuamos (França, Canada, Madagascar, Camarões, Camboja, Laos, Vietna,
Costa do Marfim, Nova Caledônia, Tunisia, Tailandia e outros). Ele construiu uma vasta rede de
agricultores, agronômos, pesquisadores, nos vários continentes e sempre procurando parcerias. Ele
conseguiu estabeler um programa de treinamento na UEPG de 2005 a 2012 junto com o Prof. Juca Sá
que nos uniu ainda mais. O Lucien nos ensinou o conceito da “bomba biológica” baseado numa larga
diversidade de plantas que desencadeou a integração lavoura-pecuaria-floresta como nos sistemas
que foram desenvolvidos para cultura da banana em Guadeloupe e Martinique. Ele era um homem
bom, generoso que valorizava profundamente a amizade. Nunca deixou de atender a quem o
procurava e sempre aberto com bom humor, pensando e fazendo sem parar. Ele deixa um legado
para o Brasil e para o mundo.
Descance em paz e saiba que estaremos aqui continuando sua obra.
Serge Bouzinac, Hubert Charpentier, Patrick Julien, Stéphane Boulakia, Florent Tivet, Louis Perusse,
Oumarou Boularabé, Hoá Tran Quoc, Pascal Lienhard, Frédéric Jullien, André Chabanne, OlivierHusson, Roger Michellon, Jean Claude Quillet, Jean Luc Vaymel, Lydie et Noël Deneuville, Sandrine et
Alain Gallon, Christian Abadie, Hélène Leduc, Aubin Lafon, Sarah Singla, Sylvain Hypolite.
História na formação das novas gerações…
O Sistema Plantio Direto, que se consolidou como a melhor proposta para a sustentabilidade, foi
concebido reunindo as iniciativas e dedicações de inúmeras pessoas e instituições. Algumas delas se
destacam. Hoje, nos manifestamos para lamentar a perda de Lucien Seguy, pesquisador do Cirad,
que junto com Serge Bouzinac fez muito pelo Cerrado, pelo SPD e pela nossa agropecuária, ao
compreender e divulgar os serviços das rotações de culturas, a base de conceitos que ainda estão
sendo concebidos para uma agricultura moderna. Da mesma forma ele contribuiu para o
reconhecimento internacional dado ao SPD concebido no Brasil. A UEL e seu Depto de Agronomia se
juntam a FEBRAPDP para prestar esta justa homenagem e se prontificam a valorizar e empregar esta
história na formação das novas gerações.
Prof. Dr. Adilson Luiz Seifert, Chefe do Departamento de Agronomia da Universidade Estadual de
Londrina
Um vulcão de ideias…
Aprendi muito com o Lucien. O conheci nos anos 80 em Ponta Grossa quando visitou a Fundação
ABC. No giro de campo ele não parava de comentar toda e qualquer situação que via. Ele era um
vulcão em erupção e as ideias iam surgindo sem parar. Uma pessoa fenomenal! Era difícil
acompanhá-lo! Desde então nos encontrávamos em congressos, eventos de campo e palestras.
Falávamos em fazer algo em conjunto, até que em 2004 surgiu a oportunidade de elaboramos uma
parceria e em 2005 concretizamos o convênio UEPG – CIRAD. Os recursos vieram da AFD (Agência
Francesa para o Desenvolvimento) e aplicados no Laboratório de Matéria Orgânica do Solo (LABMOS)
para equipamentos e treinamento de parceiros do CIRAD. Foram 10 anos de trabalhos. Um salto de
qualidade no qual consolidamos uma equipe e nos tornamos referência no estudo da matéria
orgânica do solo. Se fosse resumir em uma palavra o que sinto pelo Lucien é GRATIDÃO. Descanse
em paz amigo.João Carlos de Moraes Sá, Professor Sênior da UEPG, Bolsista de Produtividade em Pesquisa Nível 1D
– CNPq, Presidente da Comissão Técnico – Científica da Federação Brasileira de Plantio Direto e
Irrigação.
Um ser elétrico…
Foto . Lucien Seguy ao centro: dia de campo em SINOP-MT, 1995 (Foto tirada por T. Yamada)
Tive o privilégio de acompanhar de perto, parte do gigantesco trabalho desenvolvido por Séguy no
estado de Mato Grosso, junto com dois fiéis companheiros – Serge Bouzinac e Munefume
Matsubara. Suas pesquisas sobre plantas de cobertura, reciclagem de nutrientes e vida biológica do
solo deram o embasamento científico para o sistema de plantio direto na palha, hoje de adoção
generalizada de norte a sul do país.
Séguy era um ser elétrico, muito agitado, movido pela sua paixão por uma agricultura que se
aproxime da natureza, sendo este ápice, o plantio direto em cima de cobertura viva, objetivo que
tanto procurava. Dotado de grande talento para pintura (foi assistente de famoso pintor) traduziu
seus conceitos agronômicos em elaborados gráficos e figuras com que ele ilustrou a publicação “Da
transferência de tecnologia Norte-Sul aos sistemas de plantio direto, em zona tropical úmida”,
editada em 1996.
A agronomia está de luto e o mundo fica mais pobre sem Lucien Séguy. Mas fica o seu exemplo.
Tsuioshi Yamada, ex-diretor do IPNI, 1977-2007.
Esse cidadão do mundo…
Nosso colega Lucien Séguy morreu dia 27 de abril, aos 75 anos de idade. Nossa emoção é profunda
com o anúncio de seu desaparecimento. Contudo, a sua imensa contribuição para uma agricultura
melhor será seu grande legado. Ficam lembranças importantes como de sua aula, no início da década
de 90, na disciplina Problemas de Fertilidade do Solo, para alunos curso de pós-graduação do
Departamento de Ciência do Solo (ESALQ/USP) e de nossa visita ao CIRAD- Montpellier (França), em
1999. No Brasil, onde iniciou seus trabalhos em 1978, Lucien Séguy foi um pesquisador envolvido
com a implementação e disseminação do plantio direto. Esse cidadão do mundo exerceu significativainfluência e contribuição para a nossa agricultura. Sua inteligência, simplicidade e generosidade farão
falta!
Godofredo Vitti, Prof. Titular Emérito, ESALQ-USP e Valter Casarin, ESALQ-USP
Incansável e entusiasta…
Pesquisador do CIRAD, França – Grande e incansável, entusiasta e guerreiro dinâmico! Especialista
em Solos, plantas, manejo e plantio direto. Juntamente com Serge Bouzinac, seu eterno
companheiro de trabalho desenvolveram muitos trabalhos validados e em uso por produtores de
muitos Países do Mundo! Tive o prazer de estar com ele diversas vezes, em visitas a campo lá na
Fazenda do Matsubara em LUCAS do Rio Verde, na década de 80, testando diferentes plantas de
cobertura, junto à Cooperlucas e, também o grande e profundo trabalho em Sinop, MT com a
Agronorte, Maronese e Equipe! Cultivares lançadas e muita difusão de Sistemas Sustentáveis aos
Produtores e técnicos! Todo o mundo da Ciência e dos agricultores perdem muito com a sua partida e
com a sua ausência nos mais diversos sistemas produtivos do Mundo!
Ademir Calegari, Pesquisador Sênior do Iapar, Consultor Privado – Manejo de solos / Plantas de
cobertura ( Sistema plantio direto)
paixão e dedicação…
Conheci o Dr Lucien Séguy na Universidade Federal de Goiás falando do Sistema Barreirão com Dr
João Kluthcouski em 1984 e voltei a encontrar em 2016! Grande exemplo e com muita paixão e
dedicação nos ensinamentos! A partir daí passei a me dedicar ao uso de Plantas de Cobertura na
agricultura.
Eng. Agronomo David Campos Alves
Floresceram e produziram frutos…
O desenvolvimento da Agricultura nos Cerrados, e do Plantio Direto na Palha, teve a contribuição do
Dr Lucien Seguy e seu companheiro Serge Bouzinac.
As sementes por ele semeadas, floresceram e produziram frutos em abundancia, e neste momento
nos resta o nosso agradecimento e Gratidão. Vá em Paz
Lucien, sua passagem por aqui foi vitoriosa!
Carlos Pitol, Dourados-MSAguerrido e apaixonado…
Nos idos da Safra 2009 / 10, tive a oportunidade de conhecer e trabalhar com os pesquisadores
Lucien Seguy e Serge Bouzinac, quando integrei o departamento de pesquisa do IMAmt, em
Primavera do Leste MT. Perseverante, aguerrido e apaixonado. Uma figura ímpar, que nos deixa um
legado e leva nossa saudade. Condolências e um forte abraço aos familiares e amigos.
Eng. Agronomo Marcio Caldeira, Coordenador Técnico Araunah Agro
Ensinamento e inspiração…
Lucien Seguy fonte de ensinamento e inspiração para muitas pessoas que utilizam o SPDq ao redor
do mundo. Famosa a frase dele quando tinha que  » explicar o inexplicável  » a respeito das fantásticas
sinergias agronômicas e de meio ambiente entre PD e mix de diferentes espécies na Adubacao
verde : C’est la puissance du GENIE’ VEGETAl … e’ o poder do gênio vegetal, da engenharia das
plantas … Nós Europeus crescemos e somos formados na convicção que a estruturação do solo é
feita com o aço…. ele trabalhou até o fim para quebrar esse paradigma !!
Com gratidão, Sergio Argenteri, Piovera, Itália

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